terça-feira, 7 de abril de 2020

O AZEITE DA VIÚVA


II Reis 4.1-7 (Tua serva não tem nada em casa, senão uma botija de azeite).

O texto de II Reis 4.1-7 narra à história de uma mulher que perdeu seu marido e herdou dívidas. A vida é assim, sempre nos apresenta surpresas, a maioria delas agradável, outras, porém,  nem tanto, mas de todas podemos absorver experiências que enriquecerão nossa caminhada como servos de Deus.
Essa viúva vai à procura de Eliseu clamando: “Meu marido, teu aluno, morreu; e tu sabes que o teu servo temia ao Senhor. E vieram os credores a levar os meus dois filhos para serem servos.” Clamar é o mesmo que falar gritando e chorando num total desespero.
A situação indubitavelmente era de aflição extrema. Perder o marido e recebeu como herança dívidas, a sensação do desprovimento era desesperadora. Aliás, naquela época (por volta dos anos 850 a.C.) os filhos eram considerados como bens transferíveis, serviam, portanto, para resgatar dívidas. Os pobres, de modo geral, não tinham outro recurso para pagar seus débitos, então vendiam seus filhos como escravos.
Uma família que levava uma vida aparentemente estável teve sua paz afetada pelo infortúnio da morte. Não obstante a tristeza da separação de um ente querido, os credores impenitentes querem receber as dívidas de compromissos assumidos pelo falecido. A viúva desprovida de recursos deparou com situações que necrosaram e aviltaram o relacionamento harmonioso de sua casa. No ditame popular, ela chegou ao fim da linha, ao fundo do poço. Necessitava urgentemente de um socorro, de uma mão amiga, de uma orientação segura e confiável que pudesse redirecionar suas ações. Por isso, ela foi ao encontro do homem de Deus, Eliseu.
Apesar de todas as evidências contrárias que experimentou aquela viúva, Eliseu não buscou soluções imediatas e sem propósitos, que visassem apenas dispensar a necessitada. Ele poderia ter saldado a dívida da mulher e a despedido, mas teria inibido, assim, o milagre de Deus naquela casa. No entanto, o homem de Deus a interroga para entender melhor a gravidade da situação: “O que a senhora tem de alimento em casa?” “Não tenho nada, senão uma botija de azeite”, respondeu ela.
Eliseu anteviu nessa garrafa o milagre de Deus, então, mandou que ela fosse aos seus vizinhos e emprestasse muitos vasos vazios, o quanto conseguisse, depois que entrasse em sua casa e fechasse a porta sobre si e seus filhos e enchesse os vasos com o azeite que ela tinha. Assim ela fez. E, enquanto tinha vasos vazios, havia azeite, porém terminando-se os vasos o azeite parou. Aqui observamos como o homem de Deus testou o relacionamento desta mulher com seus vizinhos, sua autoridade sobre seus filhos e o Senhor Deus operou maravilha naquele lar, trouxe solução de paz e devolveu a alegria.
Acabando ela de encher as vasilhas, correu ao homem de Deus para lhe contar o milagre que havia acontecido. Então, ele mandou-lhe que vendesse o azeite, com o dinheiro pagasse a dívida e vivesse do resto. Outra lição nos transmite este servo Senhor, a de que devemos continuar trabalhando.
Oh que grande exemplo me dá o homem de Deus! Apesar de a situação ser de total desprovimento e desespero, ele não trouxe resposta de satisfação passageira, apresentou uma solução duradoura, mostrando o quanto o homem é dependente do milagre de Deus. Oh que grande lição me dá esta viúva! Ainda que tivesse perdido seu esposo e estava sofrendo com os credores, não se esqueceu que o nosso socorro vem do Senhor que fez os céus e a terra. Assim, ela foi obediente à voz do homem de Deus e recebeu o milagre em sua casa.
Ah, quem me dera um coração generoso e sensível como o de Eliseu, desvencilhado de preconceitos, capaz de encontrar soluções para os mais marginalizados e ensiná-los a permanecer confiante no amor de Cristo, influenciar positivamente as pessoas, produzir nelas higidez espiritual e sobriedade, deixar de pregar aos ouvidos somente e passar a pregar aos olhos também, viver um cristianismo autêntico. Ah quem me dera estar sempre comprometido com o sagrado pela entrega individual ao Senhor ao ponto de contemplar o milagre divino na casa de viúvas, órfãos, desempregados, doentes e necessitados.