Gênesis 24. 58 (Irás tu com este Varão? Ela
respondeu: irei.)
Rebeca se despediu
da família, ainda que insistissem pela sua permanência por mais dez dias antes
de partir, mesmo assim não se deteve, disse adeus a todos e, acompanhada de sua
ama, partiu montada no lombo de um camelo para a longínqua terra de Canaã a
encontrar o seu futuro esposo. Na diligência cavalgava, junto aos bens, os
presentes, a arca com o dote, a certeza de que Deus havia preparado um futuro
certo para a nova família que seria edificada.
A longa
caravana atravessou o deserto, ultrapassou montanhas, abriu caminho no vale,
enfrentou o calor do dia e o frio intenso da noite, sofreu com os perigos das
feras, chegando afinal, a Neguebe, à terra do futuro esposo. Ele habitava em
Laai-Roi, ao sul de Berseba, próximo ao Mediterrâneo.
Isaque, um
homem centrado em Deus, estava orando no campo, e quando levantou seu olhar viu
os camelos que vinham em sua direção. Era o retorno esperado ansiosamente com a
resposta de uma mulher que chegava para ser sua esposa, dando prosseguimento a
linhagem patriarcal iniciada com Abraão, seu pai, e a continuidade da herança
de um povo escolhido por Jeová.
Rebeca quando
o viu que vinha andando ao seu encontro, perguntou ao mordomo Eliezer: “Quem é aquele
varão que vem pelo campo? Este é meu senhor Isaque”, respondeu ele. Com mais
detalhe, lemos: (Marina Colasanti. Contos
de amor rasgados. Rio de Janeiro: Rocco, 1986. p. 47.), “este é aquele com
quem viverás para sempre, disse o chefe da caravana à mulher. Então ela pegou a
ponta do espesso véu que trazia enrolado na cabeça, e com ele cobriu o rosto,
sem que nem se vissem os olhos. Assim permaneceria dali em diante. Para que
jamais soubesse o que havia escolhido, aquele que a escolhera sem conhecê-la.” O
encontro foi memorável. Isaque a recebeu na casa de sua mãe, e foi-lhe por
mulher, e amou-a.
O criado
contou que quando saiu para ir a Mesopotâmia com dez camelos, sob juramento de
trazer uma esposa a Isaque, da família de Abraão, fez uma oração a Deus,
suplicando que lhe desse um bom encontro. Assim, pediu que, em lá chegando, ao saciar
sua sede, caso a moça que lhe servisse também oferecesse água a todos os seus camelos
seria a escolhida para integrar a família de seu patrão.
Porém, antes
que terminasse a oração junto à fonte da cidade, local em que as moças vinham
tirar água, a bela Rebeca chegou trazendo sobre os ombros um jarro, com o qual
desceu a fonte e encheu de água e depois tornou a subir. “Dê-me um pouco dessa
água para que eu beba”, disse o mordomo de Abraão. “Certamente, meu senhor”,
respondeu a donzela. Depois acrescentou: “Vou tirar água para todos os teus
camelos também.” Assim soube Eliezer que aquela era a escolhida de Deus para se
casar com filho de seu senhor.
Por isso, após
os camelos terem acabado de beber, o servo de Abraão deu à moça um pendente de
ouro pesando dez gramas, e duas pulseiras de ouro pesando quase cento e
cinqüenta gramas. E foram à casa de seus pais para conhecer sua família. O pai
de Rebeca era Betuel, filho de Naor, irmão de Abraão. O mordomo, Eliezer,
então, inclinou com o rosto em terra e agradeceu a Deus que o trouxe a casa dos
parentes de seu senhor.
Chegada a hora
de retornar com as boas novas suplicou que o deixasse voltar. Os pais de Rebeca
interrogaram a moça: “Irás tu com este varão?” Ela respondeu, “irei”. E com as
bênçãos do pai partiu com sua criada que sempre cuidara dela ao encontro de
Isaque. Ele a recebeu por esposa e a amou. Grande foi este amor que serviu de
consolo quando perdeu sua mãe.
Abraão é um
legítimo tipo de Deus, o pai, Isaque o tipo de Cristo, o filho, que ama e
espera a sua noiva. A igreja, formada por pessoas que ao longo da vida vai
saciando a sede de muitos, é a legítima representante da noiva. Ela deve
decidir se quer ir ao encontro do noivo. Ele está sempre de braços aberto a sua
espera e o encontro será glorioso.