sábado, 26 de abril de 2014

A OUSADIA DE CAVAR POÇOS

Gn. 26.18 (E tormou Isaque, e cavou os poços d’água que cavaram nos dias de seu pai, e que os filisteus taparam depois da morte de Abraão, e chamou-os pelos nomes que chamara seu pai).

A água é um símbolo da vida, porque ninguém consegue viver sem ela. Isaque aprendeu isso desde a tenra idade, porque Abraão criou-o junto aos poços de água em Berseba. E, após a morte de seu pai, ele habitou junto ao poço de Laai-Roi¹ (Gn 25.11), onde criou seus filhos. No entanto, o problema de falta d’água traz lições incríveis para a vida secular e espiritual. A normativa bíblica registrada em Gênesis 25.11 até 26.25 traça um resumo histórico sobre a vida desse Patriarca, servo de Deus. A primeira fase sugere que ele experimentava um período de fartura até que houve fome na terra e falta d’água.


No período de bonança, os valores espirituais foram negligenciados, seu filho mais velho vendeu o direito de primogenitura² ao irmão menor, trocou a bênção espiritual por um prato de lentilha. Isto não nos deixa admirado ou pasmado porque hoje somos testemunhas de fatos semelhantes. Quantos estão a barganhar o caráter de uma vida cristã em retidão, trocando levianamente os valores eternos por vantagens efêmeras caracterizadas pela impiedade, negociam princípios por privilégios seculares.

Os anos se passaram e os dias de fartura foram esquecidos pela fome que houve naquela terra, por isso Isaque teve que deixar o seu lugarzinho cômodo e peregrinar em meio aos seus inimigos. Ele foi a Gerar, na terra dos Filisteus. Alguns períodos de nossa vida nos apresentam surpresas desfavoráveis, época de escassez de água e fome. Neste dias de crise somos impulsionados a murmurar contra as situações adversas, mas Deus, através do exemplo do Patriarca, nos ensina que esse é tempo de semear.

Plantar quando todos estão plantando é agradabilíssimo, difícil é semear em tempo de crise. Estamos sujeitos aos dias maus, mas não podemos cruzar os braços na época da seca à espera de uma nova chuva. A arte de semear em meio às situações contrárias é motivo de reconhecimento do próprio Deus. Isaque semeou e colheu boa medida porque o Senhor era com ele. Deus o abençoou e ele se tornou grande entre seus inimigos. Aqui cabe uma pergunta: o quê você está semeando em tempo de crise? Lembre-se, o que o homem semear isso também ceifará.

Mas surgiu outro problema, a inveja motivada pelo progresso dos filhos de Abraão. Por causa disso os filisteus entulharam os poços de água de Isaque, encheram de terra e disseram aparta-te de nós. A inveja, diz a Bíblia, é a podridão dos ossos. Diferentemente do que a maioria das pessoas pensa, invejar não é desejar o que os outros têm, mas o sentimento misto de desgosto e ódio provocado pela prosperidade ou alegria de outrem, ou seja, não se caracteriza por querer o que é do outro, mas por não querer que o outro tenha aquilo possui. Neste sentido, os filisteus, por inveja, entulharam os poços de água.

Uma lição maior nos dá o Patriarca, ele não discutiu, não brigou, apenas mudou de lugar e cavou outro poço. Os filisteus, ainda, foram lá contender sobre este poço também. Ele mais uma vez mudou de lugar e cavou outro. Da mesma sorte os filisteus o perseguiram, mas ele não esmoreceu nunca, mudou e cavou vários poços, tantas vezes quantas lhes foram necessárias. Isto é o que se espera de um servo de Deus, que não fique lamentando os poços entulhados, mas que se levante e cave outro poço.

Eu sei que há momento em que os adversários vêm decididos a entulhar nossos poços, nossa vida, nossa fonte, para nos fazer parar. Se isto estiver acontecendo com você, lembre-se: eles podem querer destruir seus projetos, seus sonhos, só para você não crescer, mas como servo de Cristo, levante a cabeça e recomece, cave outro poço. Tenha a ousadia para continuar cavando. Deus tem águas profundas para jorrar em sua vida. Não desista nunca, cave! A estiagem, a fome, a inimizade ou a inveja não podem parar você. As melhores coisas estão por vir em sua vida. Cave outro poço, em nome de Jesus!


¹Poço da sobrevivência.

²Prioridade de idade entre irmãos. O primogênito era consagrado ao Senhor e detinha o direito na sucessão na liderança da família e no reino.