sábado, 12 de janeiro de 2013

ABRÃO QUE É ABRAÃO¹ IX

       A grande jornada iniciada por Abrão em Ur dos Caldeus reservava diversos desafios ao povo de Israel. Certamente Deus estava moldando aquele homem escolhido para a tarefa de liderança e por meio dele ensinando os demais membros da comitiva a fim de que todos fossem edificados. O seu exemplo ultrapassa gerações porque ele viveu em obediência constante ao Senhor. Abrão saiu de Ur dos Caldeus obedecendo ao chamado divino e chegou em Harã com seu pai. A partir daí, como chefe da comitiva, atendendo a ordem divina partiu sem saber para onde ia, apenas confiando que o Senhor lhes guiava para a terra da promessa que o povo de Deus esperava receber do Senhor.
       É certo, porém, que ele cometeu diversos erros, mas a sua conduta testifica a seu favor. Um homem de Deus, abnegado, disposto a concluir sua caminhada com toda a comitiva até o destino planejado pelo Senhor, após socorrer a Ló, resgatando-o das mãos de seus inimigos, Abrão tem um encontro com Melquizedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo e lhe entrega os dízimos numa clara manifestação de dependência ao Senhor.
       Melquizedeque como ministro de Deus abençoou a Abrão e louvou ao Senhor dizendo: “Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.” (Gênesis 14:19-20). O dízimo é um ato de fidelidade, porque o dizimista cumpre a ordem de Deus e entrega a parte que não lhe pertence ao verdadeiro dono, um reconhecimento de que tudo que temos vem do Senhor. E ao dizimista o Senhor abre as janelas dos céus e derrama bênçãos sem medidas (bênçãos espirituais e materiais). O nosso pai na fé Abrão demonstra nessa atitude que não está apegado aos bens materiais, mas vive na dependência do Senhor que supre todas as necessidades em Cristo Jesus.
       No prosseguimento da viagem, os atos de Abrão deixam mais uma grande lição para a posteridade. Ao tratar com o rei de Sodoma que lhe era grato e desejava abençoá-lo com coisas matérias, Abrão rejeitou sua oferta, sendo exemplo para muitos líderes da atualidade. Assim está registrado este fato: E o rei de Sodoma saiu-lhe ao encontro (depois que voltou de ferir a Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele) até ao Vale de Savé, que é o vale do rei. (Gênesis 14:17) E o rei de Sodoma disse a Abrão: Dá-me a mim as pessoas, e os bens toma para ti. Abrão, porém, disse ao rei de Sodoma: Levantei minha mão ao SENHOR, o Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra, jurando que desde um fio até a correia de um sapato, não tomarei coisa alguma de tudo o que é teu; para que não digas: Eu enriqueci a Abrão; Salvo tão somente o que os jovens comeram, e a parte que toca aos homens que comigo foram, Aner, Escol e Manre; estes que tomem a sua parte. (Gênesis 14:21-24)
       A frase de Guimarães Rosa encontra intertextualidade com os registros históricos da comitiva de Abrão. O escritor brasileiro afirmou: “O real não está nem na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia”. E foi assim que Abrão conduziu o rebanho do Senhor. A realidade a cada parte da jornada era uma prova de que ele confiava no Senhor. E em tudo isso ficava uma certeza, Abrão (exaltado) estava sendo moldado em Abraão (bênção). Assim também deve estar acontecendo conosco. Deus está nos moldando a cada passo, sejamos fiéis, sigamos os exemplos de Abrão!


¹ (I Crônicas 1.27)