Salmos
23. 3b (Guia-me pelas
veredas da justiça, por amor do seu nome).
As
sendas da justiça são conotações ao caminho cuidadosamente
preparado pelo Pastor amado. No âmbito dos cuidados espirituais com
sentido pastoril, a condução das ovelhas do Senhor passa,
obrigatoriamente, pelas trilhas da orientação do pai celestial. O
seu nome transmite essa ordenança. Deus é santo. Por amor a este
bom e eterno nome, as ovelhas do seu pasto são conduzidas às
veredas da justiça.
Jesus,
durante seu ministério terreno, orientou aos seus seguidores sobre o
tipo de justiça que eles deveriam praticar. No sermão da montanha,
disse: “Se a vossa justiça não exceder a dos Escribas e Fariseus,
de modo nenhum entrareis no reino dos céus.” Pela Bíblia Sagrada
entendemos que os Escribas conheciam todos os oráculos sagrados, mas
não vivam segundo as Escrituras, e os Fariseus, por sua vez,
mantinham uma aparência e cobravam todos os procedimentos de
correção previstos no Talmude, mas não andavam segundos os
preceitos divinos.
O
Senhor espera de cada um nós atitudes melhores. A esperança dele é
que conheçamos e sigamos todas as verdades eternas de Deus. Esta
posição implica, necessariamente, uma noção de que a palavra de
Deus não se esgota na transmissão do conhecer a letra, nem será
concebida, mecanicamente, como um sistema de código de comunicação
que privilegia o aspecto informacional ou ideacional. Por isso, não
basta, apenas, irmos aos cultos e frequentarmos reuniões de cunho
cristão, isso não reflete a prática da justiça, é necessário um
envolvimento pleno com os desígnios de Deus.
A
santidade de Deus é o maior fator atrativo ao rebanho. Deus é
santo. E Davi sabia disto. Por isso vivia atraído pela glória de
Deus. Como seguidor do verdadeiro Pastor, devemos ampliar o sentido
da frase “Guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome”
e encontrar nela a mensagem central transmitida pelo salmista. E é
precisamente neste ponto que reside a ideia de substituir a noção
de um guia espiritual com ações no plano meramente espiritual, pela
noção da exemplificação. Isto é, o seguidor imitará as ações
práticas do seu Líder. Creio que o sentido do verbo guiar não deva
ser interpretado no sentido literal, haja vista que o pastor não
obriga ninguém a lhe seguir, mas quem aceita a sua direção segue
os seus passos, por intermédio do seu exemplo.
Quando
Jesus disse para os seus seguidores que a justiça deles deveria
exceder a dos Escribas e Fariseus, estava ativando na memória de
cada um dos seus seguidores o seu exemplo prático. As ações do
Senhor são infinitamente superior a dos dois grupos supracitados.
Isto porque ambos seguiam aos procedimentos às exigências da lei,
mas negavam a praticidade da justiça divina.
A
justiça exigida pelo Senhor Jesus vai além do limite da troca, da
lei e dos direitos. Ele disse: “Tudo o que vós quereis que os
homens vos façam, fazei-lho também vós”. São mandamentos
severos. Mas é a condição exigida para adentrar ao curral das
ovelhas do Senhor. Estranhamos esse tipo de cobrança porque,
geralmente, estamos esperando um Guia totalmente disponível e sem
exigências. No entanto, ser seu seguidor é ser imitador de Deus
como filhos amados (Ef 5.1).
E a
exigência ao seguidor é ainda maior, ele disse: “Se alguém
quiser ser meu seguidor, esteja pronto a morrer, vem e segue-me”. E
no sermão do monte, Jesus, para exemplificar o que seria exceder a
justiça dos Escribas e Fariseus, ordenou (Mt 5.48): “Sede vós
perfeitos, como é perfeito o vosso pai que está nos céus”.
Dentre
as várias atitudes que Jesus esperava dos seus seguidores,
destacamos: alegrar-se com a perseguição por amor ao Senhor; amar
aos inimigos; bendizer aos maldizentes; oferecer a face não ferida,
quando for ferido por alguém; caminhar a segunda milha com a mesma
pessoa que te obrigou a andar a primeira; entregar também a capa a
quem te exigir a camisa, e assim, sucessivamente. Leia S. Mateus 5.
Fazendo tudo isso, estamos seguindo as veredas da justiça do
verdadeiro pastor, estamos imitando o seu caráter.