sábado, 26 de setembro de 2015

O verdadeiro pastor (Parte IX)

Salmos 23. 3b (Guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome).

As sendas da justiça são conotações ao caminho cuidadosamente preparado pelo Pastor amado. No âmbito dos cuidados espirituais com sentido pastoril, a condução das ovelhas do Senhor passa, obrigatoriamente, pelas trilhas da orientação do pai celestial. O seu nome transmite essa ordenança. Deus é santo. Por amor a este bom e eterno nome, as ovelhas do seu pasto são conduzidas às veredas da justiça.
Jesus, durante seu ministério terreno, orientou aos seus seguidores sobre o tipo de justiça que eles deveriam praticar. No sermão da montanha, disse: “Se a vossa justiça não exceder a dos Escribas e Fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.” Pela Bíblia Sagrada entendemos que os Escribas conheciam todos os oráculos sagrados, mas não vivam segundo as Escrituras, e os Fariseus, por sua vez, mantinham uma aparência e cobravam todos os procedimentos de correção previstos no Talmude, mas não andavam segundos os preceitos divinos.
O Senhor espera de cada um nós atitudes melhores. A esperança dele é que conheçamos e sigamos todas as verdades eternas de Deus. Esta posição implica, necessariamente, uma noção de que a palavra de Deus não se esgota na transmissão do conhecer a letra, nem será concebida, mecanicamente, como um sistema de código de comunicação que privilegia o aspecto informacional ou ideacional. Por isso, não basta, apenas, irmos aos cultos e frequentarmos reuniões de cunho cristão, isso não reflete a prática da justiça, é necessário um envolvimento pleno com os desígnios de Deus.
A santidade de Deus é o maior fator atrativo ao rebanho. Deus é santo. E Davi sabia disto. Por isso vivia atraído pela glória de Deus. Como seguidor do verdadeiro Pastor, devemos ampliar o sentido da frase “Guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome” e encontrar nela a mensagem central transmitida pelo salmista. E é precisamente neste ponto que reside a ideia de substituir a noção de um guia espiritual com ações no plano meramente espiritual, pela noção da exemplificação. Isto é, o seguidor imitará as ações práticas do seu Líder. Creio que o sentido do verbo guiar não deva ser interpretado no sentido literal, haja vista que o pastor não obriga ninguém a lhe seguir, mas quem aceita a sua direção segue os seus passos, por intermédio do seu exemplo.
Quando Jesus disse para os seus seguidores que a justiça deles deveria exceder a dos Escribas e Fariseus, estava ativando na memória de cada um dos seus seguidores o seu exemplo prático. As ações do Senhor são infinitamente superior a dos dois grupos supracitados. Isto porque ambos seguiam aos procedimentos às exigências da lei, mas negavam a praticidade da justiça divina.
A justiça exigida pelo Senhor Jesus vai além do limite da troca, da lei e dos direitos. Ele disse: “Tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós”. São mandamentos severos. Mas é a condição exigida para adentrar ao curral das ovelhas do Senhor. Estranhamos esse tipo de cobrança porque, geralmente, estamos esperando um Guia totalmente disponível e sem exigências. No entanto, ser seu seguidor é ser imitador de Deus como filhos amados (Ef 5.1).
E a exigência ao seguidor é ainda maior, ele disse: “Se alguém quiser ser meu seguidor, esteja pronto a morrer, vem e segue-me”. E no sermão do monte, Jesus, para exemplificar o que seria exceder a justiça dos Escribas e Fariseus, ordenou (Mt 5.48): “Sede vós perfeitos, como é perfeito o vosso pai que está nos céus”.
Dentre as várias atitudes que Jesus esperava dos seus seguidores, destacamos: alegrar-se com a perseguição por amor ao Senhor; amar aos inimigos; bendizer aos maldizentes; oferecer a face não ferida, quando for ferido por alguém; caminhar a segunda milha com a mesma pessoa que te obrigou a andar a primeira; entregar também a capa a quem te exigir a camisa, e assim, sucessivamente. Leia S. Mateus 5. Fazendo tudo isso, estamos seguindo as veredas da justiça do verdadeiro pastor, estamos imitando o seu caráter.   

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

O verdadeiro pastor (Parte VIII)

Salmos 23.1 a 3 (O Senhor é o meu pastor e nada me faltará. Deitar me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas. Refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome).

Na primeira metade do poema, o salmista conta-nos como é o seu Pastor. Para isso emprega os pronomes na terceira pessoa do singular: O Senhor é... Deitar-me faz... Guia-me... Refrigera-me... e, Guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome. Na segunda metade, a partir do verso 4 o tom do poema muda para a primeira e segunda pessoas do singular e, assim, aparecem os pronomes eu, tu, tua, teu, mim, meu, etc...deixando clara uma interlocução entre a ovelha e o Pastor.
Nos três primeiros versos, o salmista defende a tese de que o seu Pastor é o Senhor, portanto ele não tem falta de nada. Um Deus presente apesar de tudo o que passamos nesta vida, seja bem ou mal. Aliás, cabe ressaltar que o cristão é aperfeiçoado e cresce durante a tribulação.
Davi faz alegoria com a figura do Pastor porque esse era o seu contexto de vida. Ele também era pastor. Eu, em seu lugar, apresentaria o Senhor como o comandante maior em tempo de guerra, o Marechal, porque sou militar e o meu contexto de vida está diretamente ligado à vida na caserna. Eu exclamaria: O Senhor é o meu Marechal, jamais perderei uma batalha. Ele peleja por mim nos mais terríveis e sangrentos combates. No final, ele sempre me declara vencedor, mais do que vencedor, por aquele que me amou e se entregou na cruz em meu lugar. Repousar-me faz em segurança, logo não temo o terror noturno. Camufla a minha vida dos olhares do inimigo, por amor do seu grande nome, o Senhor dos Exércitos.
Sinceramente, ele está tão próximo, no dia-a-dia, fazendo parte da minha história. Assim como Davi se via uma ovelha dele, por isso se gloriava do seu pastor, eu também me ponho como um soldado dele e estou a gloriar-me do meu supremo comandante.
Considera você também, amigo leitor, o Senhor em sua vida como seu Pastor, ou Marechal, ou Diretor, ou Patrão, não importa. O que importa nesta hora é que ele é o seu dono e você é dele, logo a vitória, o livramento, o sustento, a proteção, a segurança, tudo mais está sob o seu controle. Ele nunca falha. Ele é fiel.

domingo, 13 de setembro de 2015

O verdadeiro pastor (Parte VII)

Salmos 23.1 a 3 (O Senhor é o meu pastor e nada me faltará. Deitar me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas. Refrigera-me a alma).
A cada dia me surpreendo com a profundidade do Salmo de Davi sobre o relacionamento Pastor-ovelha e ovelha-Pastor. Davi deixa transparecer a tendência natural das ovelhas em buscar amparos para sobreviver em meio as adversidades de falta de água e de alimento, além do iminente ataque dos lobos devoradores. 
                 Mas, se por um lado, elas estão querendo um abrigo que só encontrarão no Senhor. Por outro lado, o pastor, o verdadeiro Pastor, está à procura das ovelhas perdidas, desgarradas, caídas e machucadas, a fim de oferecer-lhes os seus íntimos cuidados. Ele dispensa um tratamento individualizado de amor imenso para com cada uma de suas ovelhas. Esse encontro deve ser urgente! Será maravilhoso para os dois: Pastor e ovelha!
O discurso do salmista, à medida que alimenta nossa memória, fornece uma representação que nos leva a refletir sobre os diversos aspectos do caráter de Deus, principalmente sobre seu grande e infinito amor. Tal representação, sem dúvida, consiste na materialização decorrente da experiência de vida de cada indivíduo em relação a Deus. Assim, posso afirmar que o meu entendimento é estereotipado nas ações de amor do verdadeiro e grande Pastor das ovelhas, Jesus, para comigo.
Porém, outras pessoas, possivelmente, não reconheceriam um diferencial nas palavras do salmista, haja vista a falta de distinção do favor do Senhor sobre suas vidas. Mesmo assim, somos reprodutores dos estímulos que recebemos carinhosamente de nosso Dono, ainda que sejamos ovelhas rebeldes, porque o seu amor é incondicional e o sujeito conducente para a reconciliação com ele.
Repetindo as palavras da ovelha (Davi) concordamos com as afirmativas como se partissem de nossa própria confissão: “O Senhor é o meu pastor e nada me faltará. Deitar me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas. Refrigera-me a alma”.
E dessa declaração da alma do salmista infiro que o relacionamento entre ambos é de reconhecimento por parte da ovelha e de dedicação incansável do Pastor, conforme podemos recuperar das informações supracitadas e os efeitos produzidos por elas. Por exemplo: na primeira frase está explicito o nosso bem. Ele não deixa que tehamos necessidade não supridas. Na segunda, atualiza a informação transmitida na primeira e aponta para o desejo de que suas ovelhas tenham paz. Isto é claramente verificável quando os seus cuidados estão voltados a inibir os fatores que, sem dúvidas, gerariam inquietação, a fome e a sede. E, na terceira, externa o refrigério alcançado pela alma.
Há duas maneiras de interpretar o enunciado desta última frase: primeiro, o refrigério pode significar a cura das chagas crônicas, tidas como incuráveis, mas que pelas mãos protetoras do Pastor amado agora são sanadas trazendo alegria e paz. Segundo, em se tratando de ovelhas no sentido espiritual, representa o alívio alcançado pelo perdão dos pecados daqueles que o reconhecem como seu Senhor. Este é o grande refrigério para a alma. Pois é a garantia do resgate e a certeza de vida abundante em Cristo Jesus.
Por tudo isso, não dá para imaginar que uma ovelha pudesse rejeitar os cuidados do verdadeiro pastor. É inconcebível haver rebeldia contra a liderança do Pastor que trabalha incansavelmente para suprir com as melhores coisas a vida do seu rebanho. Seguir outro caminho que não as veredas apontadas pelo Senhor seria o mesmo que escolher a perdição. E isto está claro porque somente ele conhece o caminho certo para as pastagens verdejantes e as águas tranquilas. Somente ele é capaz de trazer respostas para as necessidades da alma.
Que atitude mesquinha essa de se esquecer com facilidade da dedicação incondicional do mestre amado. As ovelhas facilmente se distraem em meio à jornada e tornam-se presas fáceis para o devorador. É importante fazermos um alerta para que as bem-aventuranças de segui-lo não sejam motivos para o relaxarmos em nossa caminhada como ovelhas do Senhor.
Vigiemos, pois, até o fim, e então seremos acolhidos no aprisco eterno do Sumo-Pastor. E se você ainda não encontrou pastagens verdes e águas verdadeiramente limpa é porque estás seguindo a um falso pastor. Portanto, venha encontrar com o verdadeiro Pastor que te receberá e com grande amor te conduzirá ao curral das ovelhas, e então estarás seguro sob os olhos atentos do Senhor.

sábado, 5 de setembro de 2015

O verdadeiro pastor (Parte VI)

Salmos 23.2b (... guia-me mansamente a águas tranquilas).

A água é a garantia de vida da ovelha. Setenta por cento de seu organismo é constituído por água. E a sede é o sinal de alerta sobre o início da necessidade que poderá terminar em desidratação do corpo do animal. No sentido espiritual, a água é símbolo da Palavra de Deus. Ninguém sobrevive sem dessedentar nas fontes da mensagem genuína e eternas de Deus. Por isso, o bom pastor nunca deixa as suas ovelhas sentirem falta deste tão valioso bem, o líquido da vida, a água, a Palavra. Como ovelhas do Senhor, somos instados a beber diariamente das águas que jorram do rio Deus para permanecermos vivos em um mundo sequioso, ressequido pela rejeição às chuvas da graça do Senhor Jesus.
“Deus é amor”, diz o apóstolo João, e esse é o axioma que aponta aos cuidados dispensados por ele ao rebanho. O exemplo típico do amor de Deus registrado neste salmo de Davi pode ser percebido na condução das ovelhas às águas cuidadosamente escolhidas. Ser guiado por ele às águas de descanso constitui um privilégio. Não merecíamos esse cuidado, mas o seu amor é infinito. O salmista faz questão de afirmar que o seu Pastor não conduz o rebanho a qualquer água, mas as águas tranquilas, águas não agitada, mas cristalina e suave, aquelas separadas antecipadamente para dessedentar as suas ovelhas.  Certamente, o rei Davi quando disse "águas tranquilas" pensava em um local livre de ataques externos ou perturbações sobre o rebanho.  Tudo conquistado pela presença constante do pastor amado.
Vejo claramente três fatores que facilmente faria com que as águas estivessem turvas e barrentas. O primeiro caso seria se as ovelhas chegassem com sede excessiva pelo longo caminho até as fontes e fossem atirando-se as águas para saciar a sede intensa. Esse não era o caso das ovelhas cuidadas pelo pastor do salmista. Elas, sempre, eram conduzidas às águas no tempo certo. Não estavam sendo levadas às águas por estarem à beira da morte, mas pelo zelo e cuidado preventivos do verdadeiro pastor.
O segundo fator que está saliente como causa das agitações das águas é a pressa imposta pela preocupação com ataques dos inimigos do rebanho. O predador não dá trégua, fica as espreitas tentando encontrar um vacilo para atacar ferozmente as ovelhas. O risco constante de o adversário acometer com ímpeto sobre o rebanho faz com que elas fiquem agitadas e pisoteiem as águas, deixando-as turvas e impróprias para o uso. Mas, seguramente, as ovelhas do Sumo Pastor não sofrem com este assédio maligno, não têm medo destes inimigos iminentes porque o seu pastor é o verdadeiro pastor, e o verdadeiro pastor defende o seu rebanho de todos os seus oponentes.
Por último, a agitação das águas pode ser causada pelos desentendimentos entre os próprios membros do rebanho. A disputa constante por um espaço já ocupado por outro gera um resultado que prejudica a todos, visto que a água barrenta não servirá para ninguém dessedentar-se nela. Mas, o pastor amado sabe que, geralmente, não estamos dispostos a ceder a menos que sua presença nos envolva e nos convença de que devemos respeitar a posição dos outros. É por isso que ele está sempre presente, nunca nos desampara e não nos deixa só.
Agora, sob sua supervisão todos podem beber um após o outro e todos ficam satisfeitos. Só o verdadeiro pastor é capaz de conduzir o rebanho a águas de descanso.   
                 Como ovelha do Senhor, reparo no tratamento recebido por Davi caracterizado pelo brilho e lógica excepcionais na composição deste poema e por seu estilo lúcido e vivo ao retratar um pastor incomparável. Resta-me, sem dúvida, acreditar nele para viver sem falta de nada, tendo a minha vida cuidada, protegida e saciada pelo meu Senhor, meu dono, meu pastor, qualificações que o identificam ainda mais como o único verdadeiro Pastor. Fica, porém, uma indagação: como pode alguém rejeitar ser guiado por esse pastor amado às águas tranquilas?